O Círio de Nossa Senhora de Nazaré acontece na cidade de Belém do Pará, sempre no segundo domingo de outubro, a mais de dois séculos. A palavra “Círio” vem do latim "Cereus", que significa “vela grande". Tida como uma das maiores romarias do mundo, atrai cerca de dois milhões de pessoas pelas ruas do centro da cidade. Uma festa que agrega ao mesmo tempo a religião, a fé, o sagrado e o profano e a devoção durante a procissão e nos dias que a anteriores e posteriores, chamados de quadra nazarena.
Por sua grandiosidade, o Instituto Nacional do Patrimônio História e Artístico Nacional (IPHAN), registrou a festividade como Patrimônio de Natureza Imaterial.
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| A imagem da Santa, dentro da berlinda, cercada pela multidão. |
Por sua grandiosidade, o Instituto Nacional do Patrimônio História e Artístico Nacional (IPHAN), registrou a festividade como Patrimônio de Natureza Imaterial.
Dentre as principais procissões, além da de domingo, o Círio propriamente, temos no sábado que antecede a data, por exemplo, a Romaria Fluvial, no qual a imagem da Santa é levada em uma embarcação e seguida por tantas outras pelo rio que banha a cidade.
Há também a Trasladação, procissão que percorre o caminho inverso da procissão de domingo, no sábado a noite, de belíssima imagem, em especial pelos pontos de luz formados pela grande quantidade de velas que os fiéis carregam.
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| Imagem na Trasladação, a procissão que acontece na noite de sábado anterior ao domingo de Círio. |
No domingo do Círio pela manhã, a procissão percorre o centro da cidade, seguindo a imagem da Santa, que é levada por fiéis dentro de uma Berlinda, uma espécie de andor em estilo barroco. Um dos principais objetos que remetem ao evento, é a corda. Para pagar promessas,ou como sinal de devoção, diversos fiéis seguem a procissão, segurando numa enorme corda, símbolo do Círio, o que é uma demonstração de força e resistência, já que devido ao calor e a quantidade enorme de pessoas, torna-se uma tarefa cansativa e dolorosa. A corda leva até a Berlinda, e é um símbolo da ligação entre os devotos e a Santa.
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| A procissão de domingo de Círio, pelas ruas da cidade: 2 milhões de pessoas |
Podemos contabilizar diversos atores dentro do que é o Círio. A Santa, os fiéis, os promesseiros, aquelas pessoas que homenageiam a Nossa Senhora de Nazaré através de sua arte. As festividades para Nossa Senhora de Nazaré extrapolam as dimensões religiosas, tornando-se parte da cultura, da identidade e da formação social paraense e brasileira. A culinária, a economia, a família, as comemorações e até a moda, tudo passa a ter certa influência da festa, tanto que pode ser considerado o “Natal do Paraense”. O almoço do domingo de Círio, – com pratos típicos como a maniçoba e o pato no tucupi – reúne a família e os amigos e podemos compará-lo a uma instituição.
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| Alguns dos pratos típicos tradicionalmente servidos no Círio. Maniçoba, pato e frango no tucupi são alguns bons exemplos. |
Entre as diversas homenagens oficiais, existem também as festas profanas, como o Auto do Círio, homenagem prestada pela comunidade artística paraense para “Naza”, apelido carinho dado por alguns devotos. No Auto do Círio, que acontece ao longo das ruas do Centro Histórico da cidade, podemos acompanhar de perto espetáculos e performances que, como tudo nesta época, vem homenagear a Santa. Outra comemoração é a “Festa da Chiquita”, realizada logo após a Trasladação, em frente ao famoso Theatro da Paz, é também considerada profana pois é uma festividade gay comemorada a mais de 30 anos, que apesar das polêmicas que giram em torno do acontecimento, já é parte do calendário não oficial da quadra nazarena.
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| Auto do Círio. Foto de Thiago Araújo (Jornal o Diário do Pará) |
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| Cruz de estilizada com lasca de abalônia |
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| Pingente em formato de botão de rosa |
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| Tiara com flor em tule de metal |
Talvez pela quantidade de pessoas, talvez pela força de energias que todos levam, pela fé, pela devoção ou pelas grandiosas homenagens a festa do Círio seja um momento único. Então, se você estiver em Belém neste fim de semana não perca, caso não, programe-se para o ano que vem, é uma das coisas imperdíveis de ser ver na vida, independente da religião de cada um.
